Lídia era uma menina tímida e de uma beleza, como tudo o resto em si, discreta. Tinha os cabelos da cor dos olhos, tudo cor de avelã. Não havia, nas suas feições, nada que chamasse especialmente a atenção. E, no entanto, quem reparasse nela, não a esquecia.
A mãe, uma assistente social que ocupava grande parte do seu tempo em trabalhos de voluntariado na paróquia, não admitia interferências de algo tão supérfluo como os gostos de uma menina de 8 anos, no momento de fazer compras para o guarda-roupa da filha.
Certo dia, a mãe de Lídia trouxe para casa um par de sapatos com uma sola inesgotável. Ao calça-los, os pés de Lídia rejeitaram-nos tanto como o tinham feito os seus olhos. Aquela sola condenava Lídia a muitos dias de uso daquelas aberrações andantes. Conhecendo a intransigência materna, Lídia não reclamou.
No dia seguinte, antes de ir para a escola, Lídia calçou os sapatos de validade indeterminada, depois de ter vestido uma saia e um pull-over que, em questões de estética, em nada destoavam do calçado. Pôs a pasta às costas e saiu. Na escola, não deu importância aos olhares, ainda mais embasbacados do que o costume, que recaíram sobre o par de sapatos.
No fim das aulas, Lídia não foi para casa. Era dia da mãe dar sopa aos pobres, o que significava que a menina podia faltar à sua. Foi para um descampado onde abundava toda a espécie de desperdícios, bem como poças de espessa lama. Lídia andou por lá mais do que já tinha andado em toda a sua vida. Não deu um segundo de descanso aos sapatos, decidida a provar que a sua vontade era mais resistente do que as solas daqueles.
Ao anoitecer, ainda a mãe não tinha chegado a casa, Lídia entra no quarto e descalça, definitivamente, os horríveis sapatos, derrotados e rotos. Nessa noite, Lídia dormiu feliz.
Certo dia, a mãe de Lídia trouxe para casa um par de sapatos com uma sola inesgotável. Ao calça-los, os pés de Lídia rejeitaram-nos tanto como o tinham feito os seus olhos. Aquela sola condenava Lídia a muitos dias de uso daquelas aberrações andantes. Conhecendo a intransigência materna, Lídia não reclamou.
No dia seguinte, antes de ir para a escola, Lídia calçou os sapatos de validade indeterminada, depois de ter vestido uma saia e um pull-over que, em questões de estética, em nada destoavam do calçado. Pôs a pasta às costas e saiu. Na escola, não deu importância aos olhares, ainda mais embasbacados do que o costume, que recaíram sobre o par de sapatos.
No fim das aulas, Lídia não foi para casa. Era dia da mãe dar sopa aos pobres, o que significava que a menina podia faltar à sua. Foi para um descampado onde abundava toda a espécie de desperdícios, bem como poças de espessa lama. Lídia andou por lá mais do que já tinha andado em toda a sua vida. Não deu um segundo de descanso aos sapatos, decidida a provar que a sua vontade era mais resistente do que as solas daqueles.
Ao anoitecer, ainda a mãe não tinha chegado a casa, Lídia entra no quarto e descalça, definitivamente, os horríveis sapatos, derrotados e rotos. Nessa noite, Lídia dormiu feliz.
1 comentário:
a fotografia é espectacular!
ai o maldito ponto de vista! ai a perspectiva!
se não fosse isso, eu via só um sapato velho e gasto.
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