Eram as chamas que vinham lá.
As mãos, sempre tão hábeis a fazer crescer coisas, nada podiam contra a onda de morte que se precipitava para os campos, numa fome voraz, que nem todas as sementeiras do mundo conseguiriam saciar.
Queimavam-se as colheitas, queimavam-se as horas ao sol a cavar, queimavam-se os galões de água bebidos pela terra, queimavam-se as feridas inscritas pela enxada nas mãos, queimava-se o corpo sacrificado em nome das colheitas, queimava-se a comida que a boca já não haveria de provar, queimavam-se as forças para voltar a lutar. Tudo ardia no rastilho de um capricho, de uma afirmação, de uma especulação imobiliária.
2 comentários:
fogo menina :-) gostei muito. devias investir mais nas tuas belas capacidades literárias.
parabéns pelo blog.
beijinhos
Renata!!!! Um obrigadão do fundo do coração! Mesmo! :D
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