Não havia ali nenhuma droga experimental, nenhum mérito científico, nenhuma ilusão; não lhe nasciam pêlos hirsutos no corpo nem lhe cresciam garras nas pontas dos dedos.
Mas a besta estava lá, devorando-o por dentro, forçando-o a soltar gritos arrepiantes. Sentia as entranhas esfacelarem-se, sangrava copiosamente no seu íntimo.
E no entanto, exteriormente, quase não havia sinal da carnificina que tinha lugar no interior. A não ser, talvez, no olhar vago, desprendido das coisas visíveis, para dedicar-se em exclusivo à dilaceração que sofria.
Estava, sabia-o, para além de qualquer salvação possível. Ainda que o calvário que suportava lhe concedesse um minuto de descanso, ser-lhe-ia inútil pedir socorro. A besta, o inominável, era ele próprio.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
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