sábado, 7 de março de 2009

Plácidos dias

O senhor Plácido Dias todas as manhãs despertava às sete e trinta e cinco.

Levantava-se da cama, enfiava o roupão e os chinelos e metia-se na casa de banho, onde tratava das necessidades fisiológicas mais urgentes, tomava banho e se barbeava.

Depois de vestir-se e fazer a cama, ia à rua comprar o jornal e o pão.

Voltava para casa e preparava uma chávena de café com leite, uma sandes de fiambre e um sumo de laranja, o seu pequeno-almoço de todos os dias. Enquanto comia, percorria o jornal de uma ponta à outra.

Findas a leitura e a refeição, dobrava o jornal, lavava a pouca loiça que tinha sujado e ia até ao quarto.

Uma vez no quarto, descalçava-se, despia-se, arrumava a roupa, punha o pijama e, depois de lavar os dentes e pôr o despertador nas sete e trinta e cinco, deitava-se e dormia.

Levava já sessenta anos desta vida regrada.