sexta-feira, 18 de abril de 2008

Vícios

Hoje ela chegara a casa, despira-se e tomara um banho de imersão, após o qual se estendera sobre a cama, completamente nua.
A ele era-lhe muito difícil não tocar a sua pele macia e morena, perfumada pelo banho. Teria que deixá-la dormir, sabia-o bem, e contentar-se em olhá-la. Foi até à cozinha servir-se de um copo de vinho fresco, regressou à sala e saboreou o vinho demoradamente - ela não acordaria tão cedo.
Já tinha anoitecido quando ela despertou. Sem perceber que estava a ser observada, tirou várias roupas do roupeiro, antes de se decidir por uma. Vestiu-se, secou o cabelo, pintou-se e saiu.
Sozinho em casa, ele preparou algo de comer e jantou em frente à televisão, tão desatento aos programas quanto às garfadas de comida que metia na boca. O seu pensamento estava junto dela; aguardava ansiosamente pelo seu regresso.
Uma motorizada que passou na rua acordou-o mesmo antes de ela entrar em casa, passava das quatro. Ele resignava-se a imaginar por onde ela teria andado e com quem. Obviamente não poderia perguntar-lhe nada. Se o fizesse, teria que explicar-lhe porque é que ele, um perfeito estranho, a espiava com um telescópio do prédio em frente.