As meias pretas de ligas eram a sua última esperança. Faziam-na sentir irresistível e isso reflectia-se no vestido vermelho justo. no carmin intenso dos lábios, nas pestanas lânguidas e nos sapatos de tacão alto. Vestiu o longo sobretudo de imitação de pele, pegou na bolsa e saiu.
Maria José Morais chamou um táxi e deu ao condutor a morada do Paraíso, onde ia todas as sextas á noite. O táxi parou em frente ao Clube e Maria José saiu sem pressa, primeiro um perna negra, depois outra, equilibrando-se nos tacões.
Entrou radiante no Paraíso e percorreu avidamente a sala com o seu olhar treinado. Um homem enigmático bebia encostado ao balcão, distraidamente pendente dela. Maria José copiou-lhe o ar distraído e a bebida, e o convite do homem não tardou. Num tom doce mas que não admitia recusas, instou-a a segui-lo a um apartamento em obras, no último andar de um prédio de doze.
À luz do luar que entrava pelas janelas sem vidros do apartamento, o homem adquiriu um semblante escuro. O homem foi-se aproximando dela, até a encurralar contra a parede. A pedido dele, Maria José ajoelhou-se e uma vertigem escureceu o local.
No dia seguinte os trabalhadores da obra viram um corpo nu no chão do apartamento do 12º, onde se podia ver o sexo que revelava o verdadeiro nome da bela mulher: José Maria.
sábado, 22 de novembro de 2008
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2 comentários:
"...primeiro um perna negra,..."
Quer-me parecer que este lapso sexual no artigo é o inconsciente da Maria escritora a contar o que a seguir contará.
:D
Não invoques o psicanalítico nome de Freud em vão! :D :D
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